a JANELA DA ALMA
Sobre uma ponte pequena e velha de uma fazenda, pai e filho pescavam lambaris, pequenos peixes com cerca de dez centímetros da cabeça à cauda.
O filho, com 8 anos de idade, atentamente olhava e imitava os movimentos do pai. É claro que, às vezes, tinha certas dificuldades, mas o garoto herdara a mesma personalidade persistente e aplicada do pai. Juntos sobre a ponte eles dividiam histórias, colocavam os peixes no mesmo saco, compartilhavam a mesma sensação estranha de colocar uma minhoca ainda se movendo no anzol, enfim, compartilhavam tudo.
Pescar exigia paciência, mas também era divertido. Logo o garoto começou a ficar super confiante e cometeu um erro, não segurara com força o lambari ao retirá-lo do anzol e o peixe escapou de sua mão. Em seu desespero por pegá-lo de volta acabou fazendo um corte na mão com o anzol e o peixe se foi. Logo que a dor chegou, o garoto se esqueceu do peixe e junto a isso, veio o choro.
O pai, vendo o que acontecia foi em direção do garoto.
- Deixe me ver... Nossa! Você até que fez um corte meio grande para este anzol, talvez fique uma cicatriz!
O garoto, ouvindo a familiar palavra cicatriz, logo soube que isto significaria dias de dor e começou a chorar ainda mais forte. O pai, percebendo que não ajudara muito, começou por um outro ponto.
- Sabe filho, as mãos são a janela da alma.
O garoto, ainda soluçando, retrucou tão logo quanto pode.
- Pensei que fossem os olhos papai.
- Não meu filho, seus olhos agora me dizem que você está chorando, mas nem sempre eles dizem a verdade, eu mesmo já testemunhei pessoas fingindo choro, fingindo estarem bem, fingindo, apenas com os olhos.
- Mas se não o olho, por que a mão papai, tem como saber se uma pessoa está feliz somente com as mãos?
O pai, olhando para aquele pequeno garoto percebera que talvez fosse muito cedo para lhe falar sobre tal coisa, mas seja porque já havia começado, seja porque ele aprendera isso muito cedo, seja por outro motivo que nem mesmo ele sabia ao certo, resolveu continuar.
- Não meu filho, geralmente só um rosto com um sorriso pode dizer se alguém está feliz, mas sorrisos também podem enganar, mas as mãos, estas nunca mentem. Se as minhas mãos baterem em alguém, seja por um bom motivo ou não, ninguém poderá provar que não foi um ato violente, o mesmo se as minhas mãos ajudarem alguém a atravessar a rua ou salvarem uma vida, ninguém poderá dizer que não foi uma bela ação, mas se uma pessoa uma pessoa chora ao ver uma outra passando fome e nada faz com as suas mãos para ajudá-la, esta pessoa mente com os olhos e as mãos que nada fizeram dizem a verdade.
O garoto nada diz, tira os olhos do pai e se volta para sua própria mão. O pai, percebendo que o filho parecia compreender, decide continuar.
- Por isso filho, não se pode dizer se uma pessoa é boa ou ruim somente olhando para seus olhos, mas as ações que esta realiza com suas mãos no dia-a-dia definem quem ela é. Sempre temos escolha, e são justamente elas que dizem quem você, está vendo este corte em sua mão?
O garoto nada responde, apenas confirma com a cabeça.
- Este corte me disse que hoje você tudo o que pode para recuperar o peixe e sempre que você olhar para a sua mão se lembrará quem você é, uma pessoa que dá tudo de si, por isso estou orgulhosos de você. Agora vamos voltar para casa? Já está ficando tarde não é mesmo? Que tal mostrarmos os peixes para a mamãe e comer lambari frito para a janta?
Sim papai, parece gostoso.
O garoto pouco falou depois disso, a dor que ainda permaneceria por um tempo já não era grande incomodo, era passageira, mas ele, mesmo não compreendendo tudo o que seu pai lhe falara, eternamente saberia que suas mãos não eram apenas instrumentos para se pescar, soltar pipas, brincar de pega-pega ou subir em árvores, suas mãos, para a qual agora olhava atentamente, eram as janelas de sua alma.
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É complicado pensar em alma, essa coisa tão concreta em nossa mente e ainda assim, abstrata. Em meio a estes pensamentos nos perguntamos qual o nosso papel no mundo, o que vale a pena, a resposta, Fernando Pessoa nos dá com categoria “Tudo vale a pena quando a alma não é pequena”.
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Sobre uma ponte pequena e velha de uma fazenda, pai e filho pescavam lambaris, pequenos peixes com cerca de dez centímetros da cabeça à cauda.
O filho, com 8 anos de idade, atentamente olhava e imitava os movimentos do pai. É claro que, às vezes, tinha certas dificuldades, mas o garoto herdara a mesma personalidade persistente e aplicada do pai. Juntos sobre a ponte eles dividiam histórias, colocavam os peixes no mesmo saco, compartilhavam a mesma sensação estranha de colocar uma minhoca ainda se movendo no anzol, enfim, compartilhavam tudo.
Pescar exigia paciência, mas também era divertido. Logo o garoto começou a ficar super confiante e cometeu um erro, não segurara com força o lambari ao retirá-lo do anzol e o peixe escapou de sua mão. Em seu desespero por pegá-lo de volta acabou fazendo um corte na mão com o anzol e o peixe se foi. Logo que a dor chegou, o garoto se esqueceu do peixe e junto a isso, veio o choro.
O pai, vendo o que acontecia foi em direção do garoto.
- Deixe me ver... Nossa! Você até que fez um corte meio grande para este anzol, talvez fique uma cicatriz!
O garoto, ouvindo a familiar palavra cicatriz, logo soube que isto significaria dias de dor e começou a chorar ainda mais forte. O pai, percebendo que não ajudara muito, começou por um outro ponto.
- Sabe filho, as mãos são a janela da alma.
O garoto, ainda soluçando, retrucou tão logo quanto pode.
- Pensei que fossem os olhos papai.
- Não meu filho, seus olhos agora me dizem que você está chorando, mas nem sempre eles dizem a verdade, eu mesmo já testemunhei pessoas fingindo choro, fingindo estarem bem, fingindo, apenas com os olhos.
- Mas se não o olho, por que a mão papai, tem como saber se uma pessoa está feliz somente com as mãos?
O pai, olhando para aquele pequeno garoto percebera que talvez fosse muito cedo para lhe falar sobre tal coisa, mas seja porque já havia começado, seja porque ele aprendera isso muito cedo, seja por outro motivo que nem mesmo ele sabia ao certo, resolveu continuar.
- Não meu filho, geralmente só um rosto com um sorriso pode dizer se alguém está feliz, mas sorrisos também podem enganar, mas as mãos, estas nunca mentem. Se as minhas mãos baterem em alguém, seja por um bom motivo ou não, ninguém poderá provar que não foi um ato violente, o mesmo se as minhas mãos ajudarem alguém a atravessar a rua ou salvarem uma vida, ninguém poderá dizer que não foi uma bela ação, mas se uma pessoa uma pessoa chora ao ver uma outra passando fome e nada faz com as suas mãos para ajudá-la, esta pessoa mente com os olhos e as mãos que nada fizeram dizem a verdade.
O garoto nada diz, tira os olhos do pai e se volta para sua própria mão. O pai, percebendo que o filho parecia compreender, decide continuar.
- Por isso filho, não se pode dizer se uma pessoa é boa ou ruim somente olhando para seus olhos, mas as ações que esta realiza com suas mãos no dia-a-dia definem quem ela é. Sempre temos escolha, e são justamente elas que dizem quem você, está vendo este corte em sua mão?
O garoto nada responde, apenas confirma com a cabeça.
- Este corte me disse que hoje você tudo o que pode para recuperar o peixe e sempre que você olhar para a sua mão se lembrará quem você é, uma pessoa que dá tudo de si, por isso estou orgulhosos de você. Agora vamos voltar para casa? Já está ficando tarde não é mesmo? Que tal mostrarmos os peixes para a mamãe e comer lambari frito para a janta?
Sim papai, parece gostoso.
O garoto pouco falou depois disso, a dor que ainda permaneceria por um tempo já não era grande incomodo, era passageira, mas ele, mesmo não compreendendo tudo o que seu pai lhe falara, eternamente saberia que suas mãos não eram apenas instrumentos para se pescar, soltar pipas, brincar de pega-pega ou subir em árvores, suas mãos, para a qual agora olhava atentamente, eram as janelas de sua alma.
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É complicado pensar em alma, essa coisa tão concreta em nossa mente e ainda assim, abstrata. Em meio a estes pensamentos nos perguntamos qual o nosso papel no mundo, o que vale a pena, a resposta, Fernando Pessoa nos dá com categoria “Tudo vale a pena quando a alma não é pequena”.
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